Em agosto de 2018, no meu 3º ano da licenciatura em Reabilitação Psicomotora, cruzei o oceano rumo ao Uruguai, onde, através do programa Santander Universidades Ibero-Americanas, pude estudar um semestre em “Psicomotricidad” que equivale ao que eu estudava em Portugal.
Bom, a aventura da ida para o Uruguai começou e terminou com alguns sobressaltos: um voo cancelado à ida e uma aterragem de emergência no regresso.
Sinto um enorme carinho pelo que foi a minha experiência neste país cheio de vida, de música e de Candombe na rua, as feiras cheias de diferentes cores, as ruas cheias de pessoas que se juntam a tomar mate serenamente e de pessoas sempre dispostas a ajudar e a acolher.
Tive a oportunidade incrível de fazer uma parte do meu estágio académico em diferentes contextos, com idosos e também em jardins de infância, com crianças, um deles num bairro social nos arredores de Montevideo. Pude aprender muito com os meus colegas e professoras de outro continente e com todas as crianças e idosos do estágio em Montevideo com quem tive a sorte de partilhar momentos. Aprendi muito mais do que qualquer livro me poderia algum dia ensinar.
Para além de todas as aprendizagens académicas, que foram profundamente enriquecedoras, pude desenvolver também a minha capacidade em acreditar e confiar nas pessoas que desconhecia: andei à boleia, fiz couchsurfing e, sem procurar, alguns desconhecidos “estenderam-me a mão” quando me sentiam mais “perdida”.
Compreendi que o “perigo” de que tantas vezes falamos que existe na América do Sul é relativo. Durante os seis meses que passei lá, nunca me senti em perigo. Pelo contrário, fui muito bem recebida pelo maravilhoso povo uruguaio.
Voltava a repetir tudo igual. Quem sabe um dia, com outras histórias para viver e reviver?
Como escreveu um amigo uruguaio com quem tive a sorte de partilhar uma viagem:
“Aventurate. Cazá la mochila y andate. Viajá. Andate y llorá como lo vas a hacer bien al Sur del continente. (…) Conversa con desconocidos y hasta llenate de abrazos. Se necesitan cuando estás un poco lejos de tu lugar de confort. Escuchá las historias. Contá la tuya. Escribí. Observá. Y retratá. No sabes lo feliz que vas a ser. Aunque estes lleno de miedos y preguntas. (…)”
Rita Sacramento