Terminei a licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais em maio de 2018 e durante três anos foi difícil encontrar uma oportunidade de trabalho na minha área profissional, até que tive conhecimento do programa de estágios profissionais do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Candidatei-me e através de uma avaliação currícular e uma entrevista de seleção, fui selecionada para integrar o estágio na Embaixada de Portugal na Coreia do Sul.
A primeira fase do estágio iniciou-se com uma formação online que tem por objetivo enquadrar e preparar os estagiários para exercerem funções no serviço em que foram colocados. É ainda atribuido um orientador a cada estagiário que fica responsável pelo plano de estágio e respetiva avaliação. Durante a experiência profissional, o estagiário beneficia de uma bolsa mensal e um subsídio de refeição, determinados em função do país para onde foram selecionados, e de seguros de acidentes de trabalho e saúde. A emissão do passaporte especial, visto, viagens de ida e regresso a Portugal, tal como a consulta do viajante e/ou vacinação são oferecidos pelo MNE.
A segunda fase do estágio assinalou-se com a chegada à Coreia do Sul, em fevereiro de 2021, com bagagem para um ano e uma mochila cheia de expectativas, curiosidade e alguma ansiedade: como seria a adaptação a um país tão diferente culturalmente de Portugal, principalmente durante uma pandemia global?
Nos últimos dois anos a Coreia do Sul foi falada pelo rigor e segurança na forma de lidar com a pandemia. Como tal, as primeiras duas semanas em Seul foram passadas em quarentena e em regime de teletrabalho. Nesse período inicial, assim como nas primeiras semanas já em regime presencial, foi-me dado tempo para perceber as dinâmicas sociais e políticas da sociedade sul-coreana e o funcionamento e papel desempenhado pela Embaixada de Portugal naquele país. Li artigos, telegramas, notícias dos jornais locais e manuais de funcionamento consular. Após o período inicial de adaptação, tanto em ambiente laboral como à cidade, ganhei mais autonomia no desenvolvimento das tarefas diárias, tais como atualização do website da Embaixada, divulgação de eventos à comunidade portuguesa, redação de telegramas, participação em reuniões de natureza política, económica e comercial ao nível da Delegação da UE, participação e relato dos briefings convocados pelas autoridades locais, elaboração de relatos e outras comunicações relativamente à situação política e económica no país, preparo de relatos sucintos da imprensa sul e norte-coreana e comunicados oficiais, conhecimento das dinâmicas e organizações do Indo-Pacífico e apoio à gestão de assuntos consulares e atendimento ao público.
Outra mais valia do programa PEPAC-MNE é o acesso dos estagiários, durante a duração do estágio, à plataforma formativa do MNE, que oferece cursos online em diversas áreas tais como direito internacional, gestão de redes sociais, cibersegurança ou competências de Excel.
No final acabei o estágio com um grande leque de novos conhecimentos e a melhoria de outras capacidades nomeadamente na escrita telegráfica e formal, funcionamento de reuniões ao nível da DELUE, do governo sul-coreano e de organizações não governamentais. Considero esta uma oportunidade única para quem deseja vivenciar na primeira pessoa o trabalho de um diplomata, uma vez que durante os 12 meses do programa podemos experienciar todas as etapas de uma vida em missão bem como um grande desenvolvimento a nível pessoal onde a nossa flexibilidade e adaptabilidade será constantemente posta à prova.
Beatriz Cordeiro