Mudar de país não é fácil. Mas, mesmo assim, arrisquei: deixei a gélida Rússia para trás e mudei-me para França. Quando cheguei tive um período de adaptação ao idioma local e nesse momento tinha num emprego que não me satisfazia totalmente. Sentia que estava numa encruzilhada profissional, pois queria mudar da área financeira para a área social, no entanto não sabia o que fazer para gerar essa mudança, especialmente porque, sendo emigrante, não tenho os mesmos direitos e regalias dos quais os franceses usufruem.
Sempre tive interesse pela área social e inicialmente desejava fazer um curso universitário na área de Apoio Social, no entanto o elevado custo do mesmo, fez com que esta não fosse uma opção que pudesse escolher no momento. Mas, por sorte e coincidência fiquei a conhecer o Service Civique e percebi que era neste programa que encontrava a minha oportunidade para saltar para o próximo passo na minha carreira profissional.
Em traços gerais o Service Civique é um programa de voluntariado financiado pelo governo francês, mas está aberto a jovens entre os 18 e 25 anos residentes em países Europeus. E, durante 6 a 12 meses é possível fazer voluntariado em associações sedidadas em França ou no estrangeiro. O programa oferece financiamento mensal para os custos de voluntariado.
Assim, foi em Outubro de 2020, que tudo começou: juntei-me ao centro de empregabilidade de Poitiers, uma cidade no Sudoeste de França. A minha principal função durante o período de voluntariado era tornar o serviço de apoio à empregabilidade mais acessível a todas as pessoas. Na recepção do centro recebia as pessoas, ouvia os seus problemas e objetivos e fazia e encaminhamento do processo para o serviço correcto e, noutras situações ensinava como utilizar o sistema de emprego online. A oferta destes serviço tende a ser demorada, difícil de navegar e muito burocrática. E, se já são serviços difíceis, não é difícil imaginar que ainda é mais complicado para pessoas emigrantes que não falam francês ou pessoas mais idosas. Esta oportunidade permitiu-me conhecer pessoas de várias nacionalidades, culturas e idades e o impacto que tinha nas pessoas que chegavam ao centro tornava o meu projeto de voluntariado ainda mais gratificante.
Durante o projeto de voluntariado cada voluntário tem um tutor que o acompanha e, no meu caso, posso dizer que estava integrado numa equipa fantástica, desde os meus colegas também eles voluntários até à directora do centro. A abertura da equipa deu-me a oportunidade de criar o meu próprio projeto na organização e aceitaram o meu feedback para melhoria dos serviços prestados diariamente.
A opinião das outras pessoas pode sempre afectar as nossas escolhas e, quando procurei integrar esta experiência, muitas pessoas questionaram-me como poderia deixar um emprego estável para “só” fazer voluntariado a tempo inteiro. No entanto em menos de um mês após terminar este projeto consegui emprego como acompanhante social no departamento de emergência social da Cruz Vermelha Francesa: o emprego que sempre ambicionei. Acho que o mais importante a reter é que, por vezes é preciso dar um passo atrás para dar dois em frente!
Maxim Zhosan