“…E, de repente, dou por mim e estou sentado à mesa a jantar com jovens vindos de 17 países diferentes…”
Para vos dar um contexto, devo dizer que sempre tive como um dos meus objetivos pessoais ter uma experiência de trabalho ou voluntariado no estrangeiro. Esta oportunidade surgiu no verão passado, quando decidi repentinamente partir para Bordéus, no sudoeste de França, ao abrigo do Programa do Corpo Europeu de Solidariedade, onde fiz parte de diversos projetos na área da Ação Social e da juventude da Cruz Vermelha Francesa (CRF) em Bordéus.
Bordéus… uma cidade muito conhecida na europa pela qualidade do seu vinho. É apelidada por muitos de “Mini Paris” não só pela semelhança na sua arquitetura mas também por ser a cidade preferencial dos parisienses para passarem férias ou, em muitos casos, trabalhar. É uma cidade encantadora, muito desenvolvida no que toca à acessibilidade e mobilidade, conseguia fazer todos os meus percursos de bicicleta com muita facilidade, por ser uma cidade plana e também por haver ciclovias por todos os cantos da cidade !
Entre todos os projetos que pude participar, destaco um, o “Projet Genies” no qual tive a oportunidade de intervir na gestão e na sua implementação. O Genies foi um seminário de uma semana criada e organizada pelos voluntários da CRF em Bordéus e onde reunimos jovens de 17 países europeus com o intuito de criar planos de ação na luta contra as alterações climáticas.
Foi aqui que me dei conta da sorte que tinha. Estava a partilhar um espaço com jovens de países e culturas totalmente diferentes mas que tinham um objetivo único e bem vincado, promover a mudança fazendo ecoar a voz dos jovens pela Europa.
Fui enganado, ou pelo menos, enganei-me em relação ao que esperava desta experiência. O impacto local transformou-se também num impacto mais abrangente do que eu esperava.
Esta experiência foi riquíssima em termos das competências pessoais e profissionais que pude adquirir, riquíssima na sua multiculturalidade, aprendi muito sobre os outros através das vivências e da partilha de experiências, mas também aprendi muito sobre mim próprio.
Importante não esquecer de mencionar as fantásticas aulas de francês, úteis para melhorar o meu francês e igualmente importante no que toca à adaptação cultural. Sabiam que o famoso pain au chocolat em Bordéus é apelidado de chocolatine? Pois, eu também não sabia até ser repreendido numa padaria.
Foi uma experiência numa cidade que se tornou numa segunda casa e com amigos que se tornaram numa segunda família. A vontade de ficar ia aumentando a cada mês que passava e hoje, agora, no momento que estou a escrever, penso em voltar a Bordéus, voltar à cidade que me acolheu nos últimos 12 meses. Apesar de considerar estar ainda longe do que realmente quero fazer no futuro, estou sem dúvida um passo mais perto. Foi um passo gigante no qual não me arrependo nem um momento. À bientôt Bordeaux.
Odair Alvarenga