De alguma forma, a minha vida está conectada com o Erasmus. Para pessoas da União Europeia, não é algo surpreendente mas, na Rússia, o meu país de origem, poucas pessoas têm conhecimento sobre as oportunidades que este programa oferece. Muitos estudantes universitários da União Europeia usufruem de todos os benefícios de intercâmbios Erasmus com muitas festas e encontros internacionais.
Embora eu não tenha tido essa oportunidade, aproveitei a parceria que minha universidade tinha com uma escola francesa, onde estive 4 meses em Paris! Mais tarde tive que fazer os exames em ambas as universidades, mas ainda assim gostei muito desta experiência. Após o meu regresso a casa já sonhava em embarcar em outra jornada, viver noutro país estrangeiro por um período mais longo, de forma a ter a oportunidade de mergulhar na cultura local e olhar o mundo de uma perspectiva diferente. Entre altos e baixos acabei por encontrar um projeto voluntário de longa duração na Eslováquia, que também faz parte do programa Erasmus+ e se chama Corpo de Solidariedade Europeu. Foi um ano repleto de aventuras, descobertas, viagens e reflexões, aprendendo e compartilhando.
Mas porque é que estou a contar tudo isto? Sem estas fases, eu poderia teria chegado onde estou agora, a fazer o meu mestrado através do Erasmus Mundus em 3 países europeus – Dinamarca, Eslovénia e Espanha. Todos os anos há imensos candidatos para os vários mestrados Erasmus Mundus, ou seja, o processo de selecção torna-se bastante competitivo. No entanto, desde 2013, quando encontrei pela primeira vez informação sobre esta oportunidade, nunca deixei de sonhar que um dia iria fazer o meu mestrado no estrangeiro.
Durante meu ano de voluntariado na Eslováquia, conheci uma amiga espanhola que recebeu uma bolsa Erasmus Mundus para estudar na Polónia, Argentina e Portugal. Conhecer alguém que foi aceite no programa, inspirou-me, pois percebi que não é necessário ser um génio para integrar no programa. Considerando que, nesse ano, as candidaturas estavam encerradas, decidi adiar e, na véspera de ano novo, decidi era o momento e enviei um e-mail para o coordenador do mestrado que me interessava. Escolhi o programa EMTM – Mestrado Europeu em Gestão do Turismo que oferece a estudantes de todo o mundo a possibilidade de familiarização com a prática turística em diferentes países e conhecer professores e profissionais da área.
Apesar de estar bastante entusiasmada, não tinha grandes esperanças devido ao grande volume de candidaturas. Depois de enviar todos os certificados possíveis, (aliás, um lifehack: na seção de documentos adicionais, envia mais cartas de recomendação, certificados de estágio, voluntariado, outros testes de línguas etc. Tudo que tiveres, pode ajudar a destacar no meio de todas as candidaturas!).
Após a candidatura, já não pensei mais no mestrado até maio, momento em que o mundo mudou e o Covid-19 transformou radicalmente o sector do turismo. Eu tinha a sorte de ter um emprego na época e, aceitei bem receber a carta a dizer não fui aceite para o Erasmus Mundus. Nunca nos devemos decepcionar com rejeições, pois algo maior pode estar à espera ao virar da esquina e, alguém se recusou o seu lugar no mestrado, o que me permitiu entrar no seu lugar.
Perante a instabilidade do mundo, perspectivas imprevisíveis, restrições de viagens, tudo se tornou um pouco difícil. Apesar de termos começado as aulas online, conseguimos chegar ao nosso primeiro destino – Dinamarca, onde 25 pessoas de todo o mundo com diferentes visões e experiências tornam este melting pot tão especial e enriquecedor.
Ainda estás a pensar que fazer um mestrado através do Erasmus Mundus é impossível?! Inscreve-te e torna o teu sonho realidade, porque é possível!
Veronika Mikhaylenko