No último ano de licenciatura, decidi realizar o meu ensino clínico — por outras palavras, estágio — no estrangeiro através do programa Erasmus+. Numa fase inicial candidatei-me a Turku, Finlândia, porém recebi a resposta que naquele ano não seria possível. Apesar de ter ficado desiludido pela minha candidatura inicial ter sido recusada, não desisti da ideia e resolvi candidatar-me a Debrecen, Hungria, na qual fui aceite.
Não foi fácil reduzir para duas malas de viagem todos os meus pertences pessoais que fui acumulando ao longo dos anos de licenciatura e que ocuparam quatro carros cheios no regresso a casa no momento de dizer adeus à cidade que me acolheu durante os meus estudos, mas em setembro lá estava eu a caminho de Debrecen.
A maior dificuldade que encontrei antes de ter ido para Debrecen foi, sem dúvida alguma, arranjar casa. Todos apartamentos ou quartos que encontrava ou estavam excessivamente caros ou pediam um contrato de pelo menos 1 ano. No entanto, através de estudantes que tinham realizado estágio em Debrecen no ano anterior, consegui o contacto de uma família de acolhimento, com quem fiquei a viver. Morar com uma família local permitiu-me experienciar a cultura Húngara ao máximo, uma vez que experimentei comida tradicional caseira, celebrei os feriados e festividades regionais e nacionais, permitiu perceber melhor determinados hábitos e comportamentos, tal como aprender e praticar o húngaro, entre muitas outras coisas.
A Universidade de Debrecen (UD) pode parecer um pouco confusa inicialmente, visto que o campus é enorme, mas com a ajuda da coordenadora de Erasmus consegui entender facilmente quais os edifícios onde iria estar. Sendo que, confesso, a clínica da UD é das clínicas mais avançadas que vi até hoje! Repleta de equipamentos inovadores e recentes no campo laboratorial, estagiar nesta clínica permitiu-me a aprendizagem das técnicas mais recentes na área do diagnóstico e terapêutica de diversas patologias, conhecimentos que espero vir a aplicar em Portugal.
A vida noturna em Debrecen não é tão ativa como em muitas outras cidades europeias, sendo uma cidade mais caseira, no entanto a Erasmus Student Network (ESN) organiza muitas festas e atividades para todos os estudantes internacionais. Se por um lado as noites são “calmas”, a vida diurna é complemente o oposto. A baixa da cidade está sempre cheia de pessoas e, quando o clima o permite, a floresta encontra-se constantemente cheia de gente a apanhar sol, a praticar desporto ao ar-livre e a fazer piqueniques. O ponto alto de Debrecen é, sem dúvida, a Feira de Natal e as maravilhosas termas.
Os húngaros podem ser vistos como um povo pouco “aberto” e não muito amigável; especialmente para alguém que cresceu num país mediterrânico conhecido pela sua simpatia e acolhimento, senti um contraste enorme. A barreira linguística foi sem dúvida um desafio, tendo em conta que não é comum saberem falar inglês (mesmo em Budapeste). Apesar disso, tornei-me um expert em mímica e com a ajuda do tradutor sempre consegui o que precisava.
No geral, foi uma experiência positiva e que me permitiu crescer tanto profissional, como interiormente. Não trocava esta experiência por qualquer outra em Portugal, visto que ir para o estrangeiro foi uma forma de sair da minha zona de conforto e, gostei tanto da experiência que resolvi fazer o segundo semestre também em Erasmus, mas em Thessaloniki, Grécia!
Rúben Sousa