DIY for Sustainable Living

Quando li o info pack deste Youth Exchange, soube, imediatamente, que tinha de fazer parte dele. Desde sempre que a sustentabilidade fazia parte da minha vida - direta ou indirectamente - e quando ingressei nesta aventura, ainda melhor a pude aplicar.

O intercâmbio realizou-se num local que, harmoniosamente, encaixava com o tema. Desde o lago de perder de vista aos bungalows mergulhados em natureza, Hellasgarden acolheu nos e viu levantar excelentes ideias práticas que vão tornar um mundo inevitavelmente num lugar melhor. Todo o projeto contou com organizadoras que estavam sempre em cima do acontecimento e, para além disso, esteve sempre tudo dentro dos horários ideais - até mesmo os tempos livres que sempre aproveitamos para conhecer melhor todo o espaço, mas principalmente para nos conhecermos a todos melhor. O termo multicultural justificou-se com portugueses, italianos, suecos e gregos. Todos juntos durante 9 dias a confraternizar e a partilhar a realidade - muito diferente- de países tão geograficamente próximos.

O primeiro dia contou com muitas atividades de Team Building para unirmos mais os vários países e foi, sem dúvida, essencial para percebermos com quem íamos passar os próximos dias. E garanto que a entreajuda e flexibilidade do grupo foi crucial para que o projeto fosse tão maravilhoso. Os dias seguintes foram cheios de dicas e que dicas! Sempre práticas e acabávamos constantemente com a sensação de que em casa conseguiríamos aplicar perfeitamente o que aprendemos. E a parte melhor é a de que conseguiríamos ensinar e partilhar todos os ensinamentos. Fomos convidados a elaborar produtos de cosmética variados, tais como cremes corporais e sabonetes artesanais com os aromas que mais combinassem connosco ou até já a pensar a quem íamos oferecer. Não faltou dicas ainda mais práticas – daquelas que os nossos avós nos ensinavam – desde produzir sacos a partir de
camisolas antigas até a elaboração de bee wax a partir de tecidos que iriam para o lixo.

Para além da parte prática também contamos com uma parte que revolucionou o nosso raciocínio: fomos convidados a imaginar um mundo com certas características políticas muito distantes (ou não) do que estamos habituados e a imaginar os vários setores conforme o governo em causa. Esta parte foi das minhas preferidas porque aguçou a capacidade de adaptação assim como enfatizou que espírito de mente aberta é o mindset a ter.

Ao longo da semana, tivemos a deliciosa oportunidade de experienciar diferentes pratos dos vários países participantes. A única regra é que todos os pratos fossem adaptados para o vegetarianismo, deste modo, fomos convidados a reinventar muitas receitas de modo a torná-las mais sustentáveis. O importante era demonstrar que é possível manter o sabor e a tradição com foco num mundo melhor.

Este meu primeiro intercâmbio de jovens foi marcado por tanto: pelas pessoas que fizeram parte dele e, claro, pela sua resiliência, vontade de mudar o mundo e tolerância no geral. Quebramos estigmas outrora inquestionáveis, descobrimos novas formas de ser mais e melhor e, especialmente, aprendemos que o mundo muda a cada passo nosso - por mais pequeno que ele seja.

Maria Almeida

Um projeto de sonho

Carolina Velo

O meu percurso, enquanto voluntária de projetos financiados pelo IPDJ, Instituto Português do Desporto e Juventude, já é muito extenso e, graças a isso, deu-me muita experiência social e profissional, essencial no meu presente e para o meu futuro. O projeto mais recente foi o Programa OTL - Longa Duração – Geologia e Biologia no Parque, que foi muito enriquecedor não só pela temática do projeto, como pelas tarefas desenvolvidas, apoio no funcionamento do Parque Ambiental de Santa Margarida, dinamização de atividades da área de Biologia e da Geologia, recolhas, pesquisas realizadas para aumentar o conhecimento e ser uma mais-valia no projeto.

Sendo um programa dinamizado pelo Município de Constância, a divulgação chegou-me através do site oficial do mesmo. Tendo participado em edições anteriores a inscrição inicial foi bastante fácil e intuitiva. Com base na minha área de estudo, Geologia, adaptei as minhas escolhas consoante as áreas temáticas oferecidas por cada serviço. No meu caso, o serviço que me oferecia uma temática mais adequada aos meus estudos, foi o Parque Ambiental de Santa Margarida, que incentiva explorações pedagógicas e educativas nas grandes áreas da Biologia e da Geologia.

Com a inscrição inicial aceite, o Parque Ambiental criou um projeto que permitiu aumentar a diversidade de atividades e contribuir para uma divulgação do mesmo. Para mim permitiu aumentar a minha experiência profissional e melhorar as minhas competências. Com estes objetivos seguimos para a inscrição oficial do projeto no site do IPDJ. Enquanto voluntária, e após ter conhecimento do projeto, o preenchimento da plataforma, foi basicamente confirmar dados pessoais e colocar a documentação necessário. Após tudo estar completo e submetido, a espera e a ansiedade aumentou.

Assim que a submissão por ambos os intervenientes, eu e o Parque Ambiental, o IPDJ recebeu o projeto e fez uma análise para a aprovação ou reprovação do projeto. 

Com grande felicidade, passadas duas semanas, a resposta foi positiva por parte do IPDJ. Assim com data de início marcado, o meu projeto OTL-Longa Duração iniciou-se numa área que adoro.

Já no meu local de trabalho, foram-me apresentados os elementos da equipa que me acolheram de braços abertos. Os primeiros dias foram os mais confusos pois ainda não estava dentro do ambiente de trabalho, no entanto, a minha facilidade em comunicar fez com que o trabalho que tive de realizar 6 horas por dia se tornasse agradável e muito divertido.

Um dos objetivos a cumprir no meu projeto foi realizar visitas ao Borboletário Tropical. Demorei algum tempo a pesquisar e a ler documentação sobre o tema, depois assisti as visitas feitas pelos meus colegas e, ao fim de 3 semanas, realizei a minha primeira visita guiada ao Borboletário Tropical. Foi intimidante pois tornei-me no foco de atenção durante toda a visita, mas apesar do nervosismo, fui questionando o público com algumas perguntas simples de forma a torná-la mais leve. As visitas que se seguiram foram sendo mais fáceis, mas tive que aprender a adequar a visita guiada e os conhecimentos transmitidos ao tipo de publico. Mas tudo se foi simplificando e as visitas foram tornando-se naturais e bastante divertidas.

O Parque Ambiental de Santa Margarida, onde se insere o Borboletário Tropical é um espaço maravilhoso para visitar. É muito dinâmico, existe uma constante interação com o público e uma liberdade fora do comum. Acho que melhor que visitar este espaço é a possibilidade de poder trabalhar aqui, de podermos mostrar ao vivo a uma criança todo o ciclo da borboleta, permitir-lhe nalguns casos tocar numa lagarta e ver o ar de admiração, de alegria e apercebermo-nos que ela nunca irá esquecer esta experiência nem estes conhecimentos.

Assim, o projeto OTL-Longa Duração é uma experiência incrível para os jovens que ainda estão com dúvidas sobre o seu futuro. Permite mostrar, de forma mais abrangente, o que é o ambiente laboral, o trabalho em equipa e a importância de se fazer aquilo que se gosta. Para além disso gostaria de agradecer ao promotor responsável pelo projeto, o Eng. Tiago Lopes, pela disponibilidade, pela preocupação em inserir-me na equipa e no ambiente de trabalho, mas principalmente por fazer sentir-me que o meu trabalho de voluntária é útil e muito importante para tornar o Parque Ambiental num lugar cada vez melhor.

Carolina Velo

A minha experiência num estágio ATIVAR.PT

Raquel Pedro

Em Fevereiro de 2022 estava a aproximadamente um mês de terminar o meu estágio Erasmus+ em Itália, que se tinha seguido à conclusão de uma licenciatura em Literatura Comprada. As poucas prespetivas laborais começaram a preocupar-me e a ideia de regresso assustava-me, enquanto não conseguia estruturar um plano de eficácia económica e alguma realização pessoal. Mais tarde, surgiu a oportunidade de relizar um estágio ATIVAR.PT (e remunerado de acordo com as minhas qualificações) na companhia de teatro UMCOLETIVO, usufruindo da medida estatal que têm como objetivo promover a empregabilidade de vários grupos sociais, como dos jovens à procura de um primeiro emprego após formação. 

Pessoalmente, tenho tido uma experiência bastante positiva e enriquecedora, onde tenho podido aprender imenso de áreas que me interessam na prática (investigação literária e recolha oral ou de campo, dramaturgia, produção, cenografia etc.), estou inserida numa equipa multidisciplinar cujas co-criações nascem de um processo coletivo de partilha e onde posso obter ferramentes para um possível futuro profissional, que ainda não sei exatamente como será. Acredito que é uma excelente oportunidade para explorar e exprimentar, aprender e descobrir no que mais me interessa focar, sabendo que um estágio não têm as mesmas exigências e objetivos que um “já emprego definitivo”, permitindo-me estar envolvida comigo num processo de procura e encontro que não esquece a importância do trabalho em coletivo e para a comunidade.

Por outro lado, a necessidade premente da formação em contexto de trabalho, dos estágios e da prática nos dias de hoje, decorre também e na minha prespetiva, de uma falha maior, de base, das nossas licenciaturas, mestrados e no limite até, douturamentos. Um limite que temos visto, inclusive, pela oferta precária de estágios não remunerados, tantas vezes aceites por jovens que precisam de ganhar experiência prática na sua área de estudos. A distinção assertiva entre universidades e politécnicos, tem sobravlorizado os ensinamentos teóricos ao invés da técnica e prática, levando a discrepâncias gigantes nas qualificações obtidas em diferentes cursos (mesmo que a temática seja igual) além de sobrecarregar sempre quem procura aliar a teoria à prática (politécnicos com uma carga horária muito maior). É urgente assumir a necessidade da componente técnico-prática nas nossas formações, que exige uma reformulação nos nossos estereótipos de divisão do trabalho intelectual e manual, prático e teórico para um paradigma que reconheça como um não existem sem o outro.

Finalmente, é importante usufruírmos destas medidas financiadas e pensando-o económica e estratégicamente, por um futuro profssional com melhores condições. Ainda é necessário lutarmos por direitos laborais e acabarmos com o flagelo dos estágios não remunerados ou com a circularidade daqueles que se aproveitam de medidas como esta para obter mão de obra barata e nunc vincularem trabalhadores. Ainda assim, acredito que para aqueles e aquelas que puderem, esta é uma excelente oportunidade para estabelecerem contacto com uma entidade na qual gostassem de trabalhar, procurando ganhar experiência na área, focando-se também na continuidade profissional que esta experiência pode trazer, seja para a mesma ou outra entidade.

Raquel Pedro

O que significou para mim o meu OTL?

Maria Chambel

No ano de 2019 estava então a acabar o meu ensino secundário quando o meu DT, vulgo diretor de turma, me pediu para repassar pelos meus colegas um email com informações sobre o programa Ocupação de Tempos Livres (OTL). Curiosa como sou e com o objetivo de continuar o meu percurso escolar no ensino superior sabia que, à priori, precisaria de um bom pé-de-meia capaz de me ajudar a pagar as temerosas propinas. Neste sentido, decidi pesquisar mais sobre o dito OTL.

Após a minha pesquisa e com a ajuda de algumas pessoas já conhecedoras deste programa, submeti então a minha candidatura consciente de que, caso levasse este projeto para a frente, seria sujeita a algum tipo de remuneração e, para uma jovem prestes a ingressar no ensino superior, todo o dinheiro seria bem vindo. Honestamente, o que me interessava mais no início era mesmo esta vertente económica. 

Posto isto, o processo da entrega da candidatura e da inscrição dos adolescentes foi, para mim, um pouco moroso e burocrático. Ainda assim, com esforço e dedicação, tudo se conseguiu: a candidatura foi aprovada e tive ao meu encargo durante duas semanas cerca de 12 adolescentes. 

Neste sentido, reconhecendo que era verão e nenhum adolescente queria estar preso a atividades semelhantes àquelas a que estamos sujeitos durante o período escolar, decidi focar-me em coisas diferentes. Assim, do meu projeto OTL destaco atividades como idas à piscina, caminhadas culturais, a criação de cartazes elucidativos sobre as alterações climáticas e sobre os direitos humanos, e ainda a criação de uma mascote do projeto com recurso a materiais recicláveis. 

Assim, se, inicialmente, o que mais me preocupava era o dinheiro que eu ia receber no final da execução do projeto, rapidamente tudo se tornou em algo muito maior. Para além das ligações de amizade que criei com alguns dos adolescentes inscritos, desenvolvi com o projeto “Divertir a  Mente” competências que nem eu sabia que tinha. Com este projeto passei a colocar-me muito mais do lado do outro e a compreendê-lo melhor, isto porque, dentro do leque dos 12 adolescentes que tinha, alguns deles eram provenientes de contextos sociais débeis,  tendo também idades muito diferentes - entre os 12 e os 17 anos - o que me obrigou a ser bastante flexível. 

Para além do supramencionado, este projeto ajudou-me a perceber que, no futuro, seria possível conjugar as áreas com as quais mais me identifico: a lecionação, o contacto com os jovens e a política. Assim, agora licenciada em Estudos Europeus, sei que o meu objetivo não será, necessariamente, enveredar pela área da criação de políticas, mas sim pela desconstrução de ideias pré-concebidas sobre aquilo que é a União Europeia e sobre qual o impacto da mesma a nível nacional, nomeadamente ao nível de temáticas tais como a proteção dos direitos humanos.

Em suma, um projeto que, inicialmente, existia pelo conforto económico que me traria, passou rapidamente para um projeto que me fez crescer enquanto pessoa e que me ajudou a perceber aquilo que eu queria para o meu futuro.

Maria Chambel

A sensibilização juvenil na pandemia

Desde cedo que o voluntariado faz parte da minha vida. Considero que contribuiu imenso para o meu desenvolvimento pessoal e, acima de tudo, para a forma empática como tento sempre percepcionar o mundo e quem nele habita.

Para mim, o voluntariado é uma forma de servir, sendo útil para alguém e disponibilizando o nosso tempo e energia para algo para as necessidades dos/as outros/as. Tinha 10 anos no primeiro contacto mais “formal” que tive com a atividade de ajudar o outro, quando a minha mãe me levou para uma ação de voluntariado com a população em situação de sem abrigo, na sua reinserção social e dignidade. A partir daí, integrei também outras oportunidades para servir, e esta paixão foi crescendo em mim.

Durante a pandemia senti uma enorme vontade de cooperar em algo, mas não sabia exatamente onde poderia realmente ajudar, onde é que a minha personalidade e competências seriam realmente vantajosas. Depois de alguma pesquisa, encontrei a campanha “Dá um tempo” e valorizei muito o seu objetivo: sensibilizar (diretamente) os/as jovens para a contínua e necessária prevenção contra a COVID-19. A campanha estava associada ao programa de voluntariado jovem “Agora Nós”, desenvolvido pelo Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), e realizou-se nos concelhos de Lisboa, Loures, Odivelas, Amadora e Sintra.

Num momento anterior à atividade, a equipa teve uma formação com as técnicas do IPDJ, e nos dias escolhidos passámos “para o terreno”. As ações passavam pela distribuição de equipamentos de proteção individual (principalmente máscaras e álcool-gel) para toda a gente que desejasse, e ainda pela sensibilização através de conversas com os grupos de jovens que estavam em esplanadas, cafés e na rua.

Algo que me causou um certo espanto foi a reação de alguns jovens, que estavam tranquilamente com grandes convívios, e pareciam alheios às (então) recentes notícias sobre a incidência do vírus. Evitando grandes paternalismos, mas querendo sensibilizar, optámos por procurar juntos/as encontrar soluções para que continuassem a fazer o que mais gostavam (conviver), mas impedindo a propagação do vírus. Surgiram daí partilhas de histórias sobre os seus hobbies e interesses, bem como formas de adaptar as nossas vidas a circunstâncias inesperadas (e desconfortáveis), mas empenhando-nos a lidar da melhor maneira!

Tenho a convicção de que a minha área de voluntariado predilecta é com (e para) pessoas. O que mais gostei nesta campanha foi a possibilidade de comunicar e trocar pontos de vista sobre a situação atual e como nos protegermos. Vejo o “Agora Nós” como um programa estruturado em ações elucidativas e interessantes, em que pude conciliar a sensibilização com o meu gosto pela comunicação. Acima de tudo, senti que o serviço que a nossa equipa se disponibilizou a desempenhar foi benéfico para as comunidades, e que conseguimos cumprir os nossos objetivos.

O IPDJ presenteia-nos enquanto juventude com oportunidades incríveis, e o voluntariado de curta duração é um deles. Se tens disponibilidade e motivação para a arte da cooperação com os/as outros/as, desafio-te a visitares o site e descobrires as inúmeras possibilidades que tens à tua disposição para ajudar!

Rebeca Paiva

Da vila poema à terra do chícharo

Em meados de julho de 2020, concluí a minha licenciatura em Design e Tecnologias das Artes Gráficas no Instituto Politécnico de Tomar. Neste período estava a atravessar-se os primeiros meses de uma Pandemia, que vinha para ficar e com os números de infetados e mortes sempre a aumentar. Neste contexto, tornava-se bastante complicado seguir a próxima etapa da minha jornada, que era arranjar um emprego ou estágio remunerado na minha área. Contudo iniciei o envio de currículos e após muitos e-mails trocados com várias empresas, municípios e outras instituições, consegui ao fim de quatro meses, entrar num estágio do programa PEPAL, no município de Alvaiázere.

Alvaiázere é uma pequena vila do distrito de Leiria, sede de concelho, com uma área de cerca de 160 Km2 e com mais de 6 mil habitantes. Deve o seu nome aos árabes, pois foram estes povos, que quando invadiram a Península Ibérica, no ano de 711, denominaram a vila Al-Bai-Zir ou Alva-Varze

Apesar de desconhecer o concelho dirigi-me á vila de Alvaiázere para me apresentar no edifício da Câmara Municipal, onde fui muito bem-recebido. Começaram por me mostrar o meu posto de trabalho e todos os departamentos, assim como os novos colegas que se encontravam no edifício municipal, e após esta apresentação pus as mãos na massa e comecei logo a trabalhar. Estava inserido no gabinete de comunicação, mas tinha de fazer um pouco de tudo, como por exemplo; fazer as publicações nas redes sociais, gerir o site do município, enviar as notícias para a comunicação social, elaborar cartazes; entre muitas outras coisas, por isso, algumas vezes, senti um pouco de pressão, por ter que trabalhar com todos os departamentos que exigiam trabalhos diferentes e sempre com muita urgência. Apesar de estar sozinho neste trabalho e contar apenas com o apoio de uma colega que coordenava a comunicação do município, fiz o melhor que sabia para que o meu trabalho tivesse sempre a qualidade pretendida.

Umas semanas mais tarde foi necessário criar um cartaz sobre uma formação de cinema que iria decorrer em Alvaiázere e como achei bastante interessante, decidi também inscrever-me nessa formação, que se iria estender durante quase um ano e que se dividia em duas partes: a teórica e a prática. O objetivo final da formação foi a criação de várias curtas-metragem que foram apresentadas ao público no Cineteatro Municipal de Alvaiázere.

Ao longo deste tempo fui conhecendo cada vez melhor Alvaiázere, como as tradições, o património, a gastronomia, as festividades, a serra e o seu património natural, o chícharo, o Museu, e as gentes, entre muitas outras, coisas que fizeram de Alvaiázere uma vila a visitar e que recomendo vivamente.

Após concluir o estágio do programa PEPAL, com uma excelente nota, tive pena de deixar este concelho, mas o meu estágio tinha acabado, e eu tinha de começar a procurar outras ofertas de trabalho. E assim tive que embarcar numa nova aventura…

Agora posso afirmar que os doze meses que estive em Alvaiázere permitiram-me aplicar na prática os meus conhecimentos, apesar de inicialmente sem grande confiança no que sabia e fazia, mas fui ganhando experiência na realização dos trabalhos solicitados. Com isto fui crescendo pessoalmente e profissionalmente, fui desenvolvendo um trabalho com qualidade, ganhando a confiança dos colegas de outras áreas.

Na minha opinião o programa PEPAL, abriu-me as portas para conhecer o mercado de trabalho, adquirir novas experiências profissionais, desenvolver o relacionamento pessoal em contexto laboral e acima de tudo apercebi-me da importância de se estar em constante evolução e aprendizagem, seja através de formações ou simplesmente aprender com os colegas e para isso basta querer ouvir. Mas apesar de sermos novos, também, temos muito para ensinar basta querer ouvir. E quando se trabalha em equipa, esta troca de conhecimentos e este relacionamento profissional, permite que todos ganhem, especialmente a nossa organização, neste caso o município de Alvaiázere.

Para os recém-licenciados recomendo fortemente o programa PEPAL, pois é uma mais-valia para todos os jovens entrarem no meio profissional e começarem a integrar-se de forma rápida e eficaz no mercado de trabalho.

Carlos Vélo

Mon Service Civique

Mudar de país não é fácil. Mas, mesmo assim, arrisquei: deixei a gélida Rússia para trás e mudei-me para França. Quando cheguei tive um período de adaptação ao idioma local e nesse momento tinha num emprego que não me satisfazia totalmente. Sentia que estava numa encruzilhada profissional, pois queria mudar da área financeira para a área social, no entanto não sabia o que fazer para gerar essa mudança, especialmente porque, sendo emigrante, não tenho os mesmos direitos e regalias dos quais os franceses usufruem.

Sempre tive interesse pela área social e inicialmente desejava fazer um curso universitário na área de Apoio Social, no entanto o elevado custo do mesmo, fez com que esta não fosse uma opção que pudesse escolher no momento. Mas, por sorte e coincidência fiquei a conhecer o Service Civique e percebi que era neste programa que encontrava a minha oportunidade para saltar para o próximo passo na minha carreira profissional.

Em traços gerais o Service Civique é um programa de voluntariado financiado pelo governo francês, mas está aberto a jovens entre os 18 e 25 anos residentes em países Europeus. E, durante 6 a 12 meses é possível fazer voluntariado em associações sedidadas em França ou no estrangeiro. O programa oferece financiamento mensal para os custos de voluntariado. 

Assim, foi em Outubro de 2020, que tudo começou: juntei-me ao centro de empregabilidade de Poitiers, uma cidade no Sudoeste de França. A minha principal função durante o período de voluntariado era tornar o serviço de apoio à empregabilidade mais acessível a todas as pessoas. Na recepção do centro recebia as pessoas, ouvia os seus problemas e objetivos e fazia e encaminhamento do processo para o serviço correcto e, noutras situações ensinava como utilizar o sistema de emprego online. A oferta destes serviço tende a ser demorada, difícil de navegar e muito burocrática. E, se já são serviços difíceis, não é difícil imaginar que ainda é mais complicado para pessoas emigrantes que não falam francês ou pessoas mais idosas. Esta oportunidade permitiu-me conhecer pessoas de várias nacionalidades, culturas e idades e o impacto que tinha nas pessoas que chegavam ao centro tornava o meu projeto de voluntariado ainda mais gratificante. 

Durante o projeto de voluntariado cada voluntário tem um tutor que o acompanha e, no meu caso, posso dizer que estava integrado numa equipa fantástica, desde os meus colegas também eles voluntários até à directora do centro. A abertura da equipa deu-me a oportunidade de criar o meu próprio projeto na organização e aceitaram o meu feedback para melhoria dos serviços prestados diariamente.

A opinião das outras pessoas pode sempre afectar as nossas escolhas e, quando procurei integrar esta experiência, muitas pessoas questionaram-me como poderia deixar um emprego estável para “só” fazer voluntariado a tempo inteiro. No entanto em menos de um mês após terminar este projeto consegui emprego como acompanhante social no departamento de emergência social da Cruz Vermelha Francesa: o emprego que sempre ambicionei. Acho que o mais importante a reter é que, por vezes é preciso dar um passo atrás para dar dois em frente!

Maxim Zhosan

Um mês de voluntariado na Islândia

Há exatamente um ano estava a chegar ao fim da minha licenciatura. O que pode ser visto como um período entusiasmante e cheio de perspetiva para mim foi um período caótico e cheio de dúvidas. Tinha entrado em um Mestrado que já não me fazia sentido e ao mesmo tempo não me encontrava preparada para iniciar mais um ciclo de estudos. A verdade é que tão pouco planeei fazer um Corpo Europeu De Solidariedade, mas caiu-me quase ao colo e acabou por ser mesmo o que precisava na altura. 

Em Outubro de 2021 em vez de começar o meu mestrado encontrei-me então a caminho do aeroporto pronta para apanhar um avião e dar início ao meu CES de curta duração na Islândia. Encontrei esta oportunidade através da Youth Cluster uma vez que a organização com que fui - Associação Juvenil de Peniche - estava à procura de participantes com urgências. Tive uma reunião em que rapidamente me aceitaram e sem muito tempo para pensar tive que fazer as malas e partir. 

O meu projeto tinha como principais tópicas causas ambientais e fotografia que são as minhas duas paixões e para ser sincera… na Islândia que é um país de sonho. Melhor não poderia ser! A associação que me acolheu fazia campos de voluntariado internacional então além de outros voluntários de curta e longa duração que foram através do programa CES tive a oportunidade de conhecer imensas pessoas de todo o mundo.  O que me fez perceber também o privilégio que temos ao ter cidadania Europeia e poder fazer esse tipo de projetos de forma 100% gratuita. 

Este projeto permitiu-me ter experiências incríveis no âmbito pessoal sendo que tive a oportunidade de comer refeições cozinhadas por pessoas de vários países e também de cozinhar para várias pessoas de nacionalidades diferentes. Também tive oportunidade de trabalhar em diferentes áreas como na loja de segunda mão da Cruz Vermelha, limpeza de praia, limpeza de rua e aumentar o meu conhecimento sobre compostagem uma vez que era algo que fazia com frequência. O tempo na Islândia também foi muito enriquecedor a nível pessoal pois tive a oportunidade de parar e perceber o que gosto de fazer e aquilo que realmente me move. sempre estive interessada na área de sustentabilidade e de redução de consumo de recursos, mas sem dúvida que o meu CES me trouxe muito conhecimento e acabou por trazer novos hábitos.

Sem dúvida alguma que aconselho a todos fazer um Corpo Europeu de Solidariedade nem que seja o de curta duração. Há projetos em todas as áreas de interesse de curta ou longa duração. Mesmo que não queriam parar um ano podem fazê-lo durante as férias. O contacto com outras culturas e viver fora abrange o nosso leque e faz com que vejamos o mundo a nossa volta de forma diferente para não falar da oportunidade de experimentar coisas novas e aperfeiçoar o nosso conhecimento em uma ou mais línguas. Temos então à nossa disposição, de forma gratuita, uma experiência que vale milhões.

Mariana Souza

PEPAC-MNE na Coreia do Sul

Terminei a licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais em maio de 2018 e durante três anos foi difícil encontrar uma oportunidade de trabalho na minha área  profissional, até que tive conhecimento do programa de estágios profissionais do  Ministério dos Negócios Estrangeiros. Candidatei-me e através de uma avaliação  currícular e uma entrevista de seleção, fui selecionada para integrar o estágio na  Embaixada de Portugal na Coreia do Sul.  

A primeira fase do estágio iniciou-se com uma formação online que tem por objetivo  enquadrar e preparar os estagiários para exercerem funções no serviço em que foram  colocados. É ainda atribuido um orientador a cada estagiário que fica responsável pelo  plano de estágio e respetiva avaliação. Durante a experiência profissional, o estagiário  beneficia de uma bolsa mensal e um subsídio de refeição, determinados em função do  país para onde foram selecionados, e de seguros de acidentes de trabalho e saúde. A emissão do passaporte especial, visto, viagens de ida e regresso a Portugal, tal como a  consulta do viajante e/ou vacinação são oferecidos pelo MNE. 

A segunda fase do estágio assinalou-se com a chegada à Coreia do Sul, em fevereiro de  2021, com bagagem para um ano e uma mochila cheia de expectativas, curiosidade e alguma ansiedade: como seria a adaptação a um país tão diferente culturalmente de  Portugal, principalmente durante uma pandemia global? 

Nos últimos dois anos a Coreia do Sul foi falada pelo rigor e segurança na forma de lidar  com a pandemia. Como tal, as primeiras duas semanas em Seul foram passadas em  quarentena e em regime de teletrabalho. Nesse período inicial, assim como nas primeiras  semanas já em regime presencial, foi-me dado tempo para perceber as dinâmicas sociais  e políticas da sociedade sul-coreana e o funcionamento e papel desempenhado pela  Embaixada de Portugal naquele país. Li artigos, telegramas, notícias dos jornais locais e  manuais de funcionamento consular. Após o período inicial de adaptação, tanto em  ambiente laboral como à cidade, ganhei mais autonomia no desenvolvimento das tarefas  diárias, tais como atualização do website da Embaixada, divulgação de eventos à  comunidade portuguesa, redação de telegramas, participação em reuniões de natureza  política, económica e comercial ao nível da Delegação da UE, participação e relato dos  briefings convocados pelas autoridades locais, elaboração de relatos e outras comunicações relativamente à situação política e económica no país, preparo de relatos  sucintos da imprensa sul e norte-coreana e comunicados oficiais, conhecimento das  dinâmicas e organizações do Indo-Pacífico e apoio à gestão de assuntos consulares e  atendimento ao público. 

Outra mais valia do programa PEPAC-MNE é o acesso dos estagiários, durante a duração  do estágio, à plataforma formativa do MNE, que oferece cursos online em diversas áreas  tais como direito internacional, gestão de redes sociais, cibersegurança ou competências  de Excel. 

No final acabei o estágio com um grande leque de novos conhecimentos e a melhoria de  outras capacidades nomeadamente na escrita telegráfica e formal, funcionamento de  reuniões ao nível da DELUE, do governo sul-coreano e de organizações não governamentais. Considero esta uma oportunidade única para quem deseja vivenciar na  primeira pessoa o trabalho de um diplomata, uma vez que durante os 12 meses do  programa podemos experienciar todas as etapas de uma vida em missão bem como um  grande desenvolvimento a nível pessoal onde a nossa flexibilidade e adaptabilidade será  constantemente posta à prova.

Beatriz Cordeiro

Uma oportunidade única

Bruxelas. Escrevo este pequeno artigo num café em Ixelles e bebo um cappuccino de qualidade mediana enquanto penso das saudades que tenho do meu galão e torradinhas. Tenho sorte, sempre tive. Mas a sorte cria-se. 

Começemos. 

Eu já vivi fora - Erasmus na Eslovénia (o melhor país nos 30 que já visitei) - mas nada me preparou para uma vida em Bruxelas. Nublado. Escuro. Chuva. Stress. 

Hoje, 2 meses após o começo, amo o meu dia-a-dia, amo o meu trabalho. Mas mudar de vida custa e perseguir os nossos sonhos nem sempre é um mar de rosas. 

Desde sempre que a União Europeia (UE) foi, a meu ver, o modelo a seguir no que toca a esforços de regionalização; a melhor organização internacional que existe e existiu desde o início das mesmas - portanto sempre sonhei em fazer parte da UE, em ser uma pequena roda neste enorme mecanismo, em dedicar a minha vida ao serviço público e a esta causa. 

Após anos de candidaturas, entrei. Estou a estagiar na Comissão Europeia e não poderia estar mais orgulhosa de mim mesma. 

Fui ao Parlamento Europeu há umas semanas atrás e aí apercebi-me. Estou aqui. Todo o meu trabalho recompensou, tudo valeu a pena. A probabilidade de lá ficar a trabalhar prova ser cada vez maior à medida que o tempo passa. 

Poderia passar horas a observar as pessoas nas ruas do quarteirão europeu em Bruxelas, numa correria contínua para a próxima reunião, a próxima tarefa. Não há nada mais entusiasmante que estar no meio de tudo, em ter reuniões onde decisões que melhoram a vida de milhões de europeus são feitas. Ouvir inglês, italiano, francês, espanhol, grego e tantas mais línguas à minha volta. Ver como o sector privado se envolve e coopera com o público. Sentir que os valores que criaram a UE estão tão presentes em todos e em cada trabalhador. Somos todos um, a trabalhar para o bem de todos. 

Aconselho qualquer pessoa a candidatar-se pois é uma experiência imperdível qualquer que seja a tua área. Aprendes a trabalhar com diferentes pessoas de diferentes países, enquanto recebes o suficiente para seres financeiramente independente. 

Se tens receio lembra-te que só cresces se saires da tua zona de conforto e que as decisões que tomas não são finais. 5 meses fora de Portugal serão sempre enriquecedores e não significa que não voltas. A UE tem estágios em todas as suas instituições e agências (até há estágios em Lisboa!), tenho colegas de Recursos Humanos, Comunicação e Física - não há área que não seja abrangida pela União. É um ambiente extremamente competitivo e entrar nesses estágios é difícil, mas a perseverança é uma das características mais importantes em qualquer pessoa bem-sucedida. 

Acredita em ti.

Inês Costa Gomes